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25/12/2018

Tudo bem não te amares a 100%


Eu ia começar este texto com um "a minha autoestima sempre foi muito instável". Mas estaria a mentir. A minha autoestima sempre foi bastante estável, uma vez que sempre me vi mergulhada num mar de desamor para comigo mesma, desde dos meus 6, 7 anos, como já falei diversas vezes em posts passados. A minha relação com o meu cabelo, com o meu tom de pele, com as minhas raizes e com a minha essência sempre foram muito amargas. Mas era uma coisa tão normal na minha vida que eu acabei por simplesmente aceitar. Eram dores que ao fim ao cabo eu já suportava bem.


Não, isto não é um post sobre como no final superei a minha baixa autoestima e me tornei toda empoderada para caralho, porque isso não é bem verdade. A autoestima ainda sustenta problemáticas com as quais eu continuo a lidar constantemente, e estaria a mentir se não o dissesse. Às vezes sinto que passo uma ideia equivocada de mulher mega bem resolvida e dona de si mesma para as pessoas que me seguem SÓ pela internet, e a verdade é que não é bem assim, e eu acho muito importante desmistificar isso porque

autoestima é um processo contínuo. Não é uma linha com um ponto que se atinge e acabou. É uma montanha russa, assim como a vida num todo. Hoje eu tenho confiança suficiente para fazer imensas coisas que há dois ou três anos era quase impensável, porque me iria sentir uma ridicula. Muitas delas são coisas bastante simples, como tirar uma foto com o rosto sério (o famigerado "carão"ou "resting bitch face"), e gostar do que vejo, como podem ver aqui, ou gravar vídeos para milhares de pessoas na internet. Mas ainda há coisas que me magoam, que me deixam insegura (ainda fico um pouco nervosa antes de carregar no botão "publicar" aqui no blog), há coisas que me deixam mal, e isso é perfeitamente normal, pois vivemos num mundo feito para gerar dinheiro em cima das nossas inseguranças.

Há duas ou três coisas que vos gostaria de vos dizer, na qualidade de pessoa que conseguiu construir a sua autoestima:

Nem sempre te vais sentir a deusa soberana, o mulherão da porra. Eu tenho dias em que me sinto, como costumo dizer, "a própria caçamba de lixo", mesmo depois de todo o processo de autoaceitação pelo qual passei para estar onde estou. Foi um longo caminho percorrido, mas isso não me torna ímune ao momentos de fraqueza. E está tudo bem nisso.

Talvez não te libertes de todas as amarras. Há feridas que demoram mais tempo a sarar do que outras e há cicatrizes que deixam lembranças um pouco amargas.

E muito importante: ser a favor de uma autoestima saudável e da autoaceitacão não significa que devamos demonizar a ideia de querer fazer pequenas mudancas em nós. Fico chateada quando julgam uma mulher que levanta essas bandeiras por ter emagrecido, ou, no caso de uma negra, por ter o alisado o seu afro. Tudo é equilibrio! Errado é usar isso como pretexto para disseminar ódio contra outras mulheres. Eu preencho as minhas sobrancelhas com henna e coloco extensão nas pestanas, e tudo aquilo que eu sentir que posso melhorar em mim para me sentir melhor, irei fazer. Por mim. Não há nada de errado nisso. E ainda assim continuarei a afirmar que amor próprio é a nossa melhor arma. Porque o amor próprio não é forçar goela abaixo que temos que amar tudo o que somos e acabou. É sobre autoconhecimento, é sobre uma conversa sincera que todos deveriamos ter connosco próprios e com os nossos corpos. É sobre autocuidado, afinal quem ama cuida, não é?

então mas afinal, o que mudou? como é que a minha autoestima melhorou se continuo a ser insegura?

Como a Nataly Neri disse em um dos seus vídeos, a grande diferença é que depois de nos empoderarmos, os momentos de insegurança não duram muito tempo. Eles vêm, mas não ficam. Quando percebemos que a culpa não é nossa, e que somos vítimas de um sistema que lucra em cima das nossas inseguranças, as coisas descomplicam!

Este ano libertei-me de mais uma boa dose de inseguranças e medos que me impediam de ser quem eu queria ser. E não há sensacão mais deliciosa do que essa.

Como está a vossa autoestima atualmente? Já se amaram hoje?

4 comentários :

  1. a minha autoestima sempre foi "ok". nunca tive problemas a não ser relativamente ha pouco tempo, por causa de um rapaz que me fez sentir como um pedaço de bosta no meio da calçada. nunca tive aqueles dramas de não gostar do meu cabelo, ou ter vergonha de alguma parte do corpo... mas ha pessoas toxicas que conseguem mesmo assim deitar-nos a baixo!
    TheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook

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  2. Sandra, aplausos! 👏🏾 Até há dois, três anos, a minha autoestima era lastimável! Mesmo que eu tentasse cuidar de mim, eu o fazia pelos outros e tendo sempre em conta o que pensariam de mim... Quando me abri ao autoconhecimento, tudo se transfigurou, me senti mais leve e as coisas passaram a correr mil vezes melhor. Autoestima não é nos sentirmos melhor do que os outros, mas sim melhorarmos a pessoa que fomos e ter uma visão crítica em relação às nossas atitudes; é nos conhecermos o suficiente, é nos amarmos a saber aceitar o amor exterior certo. Autoestima é isto e tanto mais e fico mesmo feliz por saber que estás tão à vontade acerca da pessoa que és!! 👏🏾💝

    Beijinhos,
    LYNE, IMPERIUM BLOG

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  3. Uau, adorei esse texto. Eu também sempre tive um sentimeto de culpa principalmente agora onde você tem que sempre se sentir 100% com seu corpo, amei a reflexão

    http://www.dosedeestrela.com.br/

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  4. gostava de provar esse corpinho

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